Faz hoje dois anos que cheguei ao UK.
Em verdade ja' passava da meia noite pois a BMI Baby brindou-me com um valente atraso.. Tenho uma vaga ideia que a partida era pelas 8 da noite e acabamos por sair de Lisboa muito perto da meia noite. Mas cheguei e isso e' mesmo o que interessa.
Aquele primeiro fim de semana e' um bocado difuso, sei que disse a gozar que estava a sofrer de jet leg.
Na Segunda Feira sai de casa direitinha ao centro de emprego para procurar trabalho, juro que tinha um no’ na garganta e pensei "agora e' o tudo ou nada... amanha-te". E dai em diante comecei a mandar CV's para tudo o que era agencia de trabalho na minha area, felizmente tudo era feito por internet de contrario teria ido 'a falencia. Concorri a todo o tipo de trabalho da area, carer, support worker, social worker assistant, personal assistant. Era Adult Social Care? Eu concorria. Era num dos 3 County's 'a volta de onde eu estava? Eu concorria. Nao me interessava o ordenado, so' queria 1 trabalho que me permitisse sobreviver e a partir dai organizar a minha vida.
Acho que recebi as primeiras respostas logo nessa semana. E nao demoraram muito a chamar-me para entrevistas. Se em Portugal o desemprego prolifera aqui ainda abundam as ofertas de emprego, haja espirito de sacrificio e humildade para comecar onde for preciso.
Depois foi aprender os transportes, comprei um guia com os autocarros da zona, imprimia os percursos no google maps e mostrava-os aos motoristas (nao fosse nao me perceberem... ainda hoje tenho paranoia com o meu ingles) que sem excepcao foram fantasticos (bless them...).
O C. foi comigo 'a primeira entrevista, que foi no cu' de judas para la' do sol posto, numa terra horrivel. O C. foi um Amigo 5 estrelas naqueles primeiros meses e embora hoje nao tenhamos contacto vou ficar-lhe eternamente agradecida pela amizade e o carinho com que me tratou. Se nao fosse ele acho que nao me teria aguentado tao bem.
A S. fez-me uma visita guiada pelos locais importantes - supermercados, lojas importantes, biblioteca, escola de ingles, etc. la' na Vila onde ela estava, pois era um dos possiveis locais para eu viver. Fiquei extremamente sensibilizada com a atitude...
A P. recebeu-me em sua casa... e la' fiquei 1 mes e meio.
Penso que ao fim da segunda semana tive a primeira proposta de emprego, mas continuei a concorrer para o que aparecia, podia ser que algo melhor aparecesse. E o processo e' longo e demorado, sao as referencias, e' o registo criminal e eu que esperava ansiosamente por comecar a trabalhar. Entretanto apareceram as agencias e sem pensar duas vezes comecei a aceitar trabalho de uma delas.
O meu primeiro trabalho aqui no UK foi no turno da noite, algo que jamais na minha vida tinha feito. A agencia ligou-me no dia seguinte de manha a saber como e' que tinha corrido e a partir dai nunca mais deixaram de me dar trabalho. Ate' que em Fevereiro comecei no que foi o meu primeiro emprego permanente.
Entretanto mudara-me para Derby onde aprendi a estar completamente sozinha neste Pais, sem rede, me myself and I :)
O primeiro Natal sem a familia, a primeira passagem de ano sem os amigos, o primeiro aniversario em modo ingles, o regresso a casa onze meses depois. A procura de novo emprego e a ansia de andar em frente no percurso que eu tinha definido. A decisao de me mudar para Londres, as vindas a Londres, as entrevistas (apenas 3 :)) a ansiedade e finalmente a mudanca que implicou ficar o segundo Natal longe de casa.
O primeiro ano foi muito sofrido e sentido. Lagrimas e isolamento serao as primeiras palavras em que penso, mas sem duvida que tambem foi crescimento... O segundo ano, mais precisamente desde a mudanca para Londres (ou seja desde Janeiro deste ano) tem sido arduo, cansativo mas absolutamente fantastico.
Profissionalmente sei que estou no caminho certo, ainda ha’ muito a percorrer, mas nao tarda estarei la’ e vou delineando projectos profissionais que sei que conseguirei concretizar. Profissionalmente falando o UK nao e’ um mundo perfeito, mas nao e’ o terceiro mundo e da-me aquilo que eu quero, liberdade e possibilidades.
Pessoalmente sei que recupero um equilibrio ha’ muito tempo perdido. Creio que pouco me falta para sentir que cheguei la’ e mesmo que nao consiga esse pouco, sei que sou capaz de viver bem com essa falta.
E tenho o coracao cheio porque tenho pessoas extraordinarias sem as quais a minha vida aqui nao seria tao especial. Em particular, a R. e o H. que sao daquelas pessoas unicas que eu simplesmente adoro e que tem estado comigo incondicionalmente... E todas as outras... nao quero omitir ninguem... e creio que sabem o quanto sao importantes para mim.
E Londres... Ah! Londres e’ esta paixao... :-)
Ha’ quem diga que eu tive sorte, terei tido. Mas deixem-me que diga que trabalhei bem duro e nao me caiu do ar e quem acha que foi facil, engane-se, fiz aquilo que muitos nao se disporiam a fazer, comecei no degrau mais baixo e duro (fisicamente desgastante e nao muito agradavel na maioria das vezes). E’ certo que trabalho numa area em que o emprego e’ ainda uma realidade, mas nao sao raras as vezes que sei de pessoas que se aventuraram como eu e ainda andam ‘a procura. Nao, nao me acho melhor, so’ acho que reduzir tudo isto ao factor sorte e’ redutor.
E assim tem sido estes dois anos! hip hip hurra!! Venham mais dois e mais dois e mais... muitos!!
Se valeu apena? Abso-fucking-lutely!
Em verdade ja' passava da meia noite pois a BMI Baby brindou-me com um valente atraso.. Tenho uma vaga ideia que a partida era pelas 8 da noite e acabamos por sair de Lisboa muito perto da meia noite. Mas cheguei e isso e' mesmo o que interessa.
Aquele primeiro fim de semana e' um bocado difuso, sei que disse a gozar que estava a sofrer de jet leg.
Na Segunda Feira sai de casa direitinha ao centro de emprego para procurar trabalho, juro que tinha um no’ na garganta e pensei "agora e' o tudo ou nada... amanha-te". E dai em diante comecei a mandar CV's para tudo o que era agencia de trabalho na minha area, felizmente tudo era feito por internet de contrario teria ido 'a falencia. Concorri a todo o tipo de trabalho da area, carer, support worker, social worker assistant, personal assistant. Era Adult Social Care? Eu concorria. Era num dos 3 County's 'a volta de onde eu estava? Eu concorria. Nao me interessava o ordenado, so' queria 1 trabalho que me permitisse sobreviver e a partir dai organizar a minha vida.
Acho que recebi as primeiras respostas logo nessa semana. E nao demoraram muito a chamar-me para entrevistas. Se em Portugal o desemprego prolifera aqui ainda abundam as ofertas de emprego, haja espirito de sacrificio e humildade para comecar onde for preciso.
Depois foi aprender os transportes, comprei um guia com os autocarros da zona, imprimia os percursos no google maps e mostrava-os aos motoristas (nao fosse nao me perceberem... ainda hoje tenho paranoia com o meu ingles) que sem excepcao foram fantasticos (bless them...).
O C. foi comigo 'a primeira entrevista, que foi no cu' de judas para la' do sol posto, numa terra horrivel. O C. foi um Amigo 5 estrelas naqueles primeiros meses e embora hoje nao tenhamos contacto vou ficar-lhe eternamente agradecida pela amizade e o carinho com que me tratou. Se nao fosse ele acho que nao me teria aguentado tao bem.
A S. fez-me uma visita guiada pelos locais importantes - supermercados, lojas importantes, biblioteca, escola de ingles, etc. la' na Vila onde ela estava, pois era um dos possiveis locais para eu viver. Fiquei extremamente sensibilizada com a atitude...
A P. recebeu-me em sua casa... e la' fiquei 1 mes e meio.
Penso que ao fim da segunda semana tive a primeira proposta de emprego, mas continuei a concorrer para o que aparecia, podia ser que algo melhor aparecesse. E o processo e' longo e demorado, sao as referencias, e' o registo criminal e eu que esperava ansiosamente por comecar a trabalhar. Entretanto apareceram as agencias e sem pensar duas vezes comecei a aceitar trabalho de uma delas.
O meu primeiro trabalho aqui no UK foi no turno da noite, algo que jamais na minha vida tinha feito. A agencia ligou-me no dia seguinte de manha a saber como e' que tinha corrido e a partir dai nunca mais deixaram de me dar trabalho. Ate' que em Fevereiro comecei no que foi o meu primeiro emprego permanente.
Entretanto mudara-me para Derby onde aprendi a estar completamente sozinha neste Pais, sem rede, me myself and I :)
O primeiro Natal sem a familia, a primeira passagem de ano sem os amigos, o primeiro aniversario em modo ingles, o regresso a casa onze meses depois. A procura de novo emprego e a ansia de andar em frente no percurso que eu tinha definido. A decisao de me mudar para Londres, as vindas a Londres, as entrevistas (apenas 3 :)) a ansiedade e finalmente a mudanca que implicou ficar o segundo Natal longe de casa.
O primeiro ano foi muito sofrido e sentido. Lagrimas e isolamento serao as primeiras palavras em que penso, mas sem duvida que tambem foi crescimento... O segundo ano, mais precisamente desde a mudanca para Londres (ou seja desde Janeiro deste ano) tem sido arduo, cansativo mas absolutamente fantastico.
Profissionalmente sei que estou no caminho certo, ainda ha’ muito a percorrer, mas nao tarda estarei la’ e vou delineando projectos profissionais que sei que conseguirei concretizar. Profissionalmente falando o UK nao e’ um mundo perfeito, mas nao e’ o terceiro mundo e da-me aquilo que eu quero, liberdade e possibilidades.
Pessoalmente sei que recupero um equilibrio ha’ muito tempo perdido. Creio que pouco me falta para sentir que cheguei la’ e mesmo que nao consiga esse pouco, sei que sou capaz de viver bem com essa falta.
E tenho o coracao cheio porque tenho pessoas extraordinarias sem as quais a minha vida aqui nao seria tao especial. Em particular, a R. e o H. que sao daquelas pessoas unicas que eu simplesmente adoro e que tem estado comigo incondicionalmente... E todas as outras... nao quero omitir ninguem... e creio que sabem o quanto sao importantes para mim.
E Londres... Ah! Londres e’ esta paixao... :-)
Ha’ quem diga que eu tive sorte, terei tido. Mas deixem-me que diga que trabalhei bem duro e nao me caiu do ar e quem acha que foi facil, engane-se, fiz aquilo que muitos nao se disporiam a fazer, comecei no degrau mais baixo e duro (fisicamente desgastante e nao muito agradavel na maioria das vezes). E’ certo que trabalho numa area em que o emprego e’ ainda uma realidade, mas nao sao raras as vezes que sei de pessoas que se aventuraram como eu e ainda andam ‘a procura. Nao, nao me acho melhor, so’ acho que reduzir tudo isto ao factor sorte e’ redutor.
E assim tem sido estes dois anos! hip hip hurra!! Venham mais dois e mais dois e mais... muitos!!
Se valeu apena? Abso-fucking-lutely!
5 comments:
Parabéns!
Belo resumo! Aposto que te deu imenso prazer escrever este post e logo a seguir ler tudo outra vez e "reviver".
Gosto bastante de ler os percursos de vida dos emigrantes tugas... todos têm histórias diferentes, mas em comum uma "luta" até à estabilidade e felicidade... (Quem nunca saiu de Portugal e ouve falar em emigrantes pensa sempre que nesses países há dinheiro por todo o lado que basta olhar para o chão e apanhar notas... Nem lhe passa pela cabeça a coragem, esforço e capacidade de trabalho que é necessária para triunfar)
Parabéns outra vez
Venham mais dois, com certeza!!! E recheados de novos desafios, surpresas e coisas doces ;))
Jinhos
Parabéns, Carlita! Pelo esforço, dedicação, espírito combativo que é necessário ter para se chegar onde chegaste. Não é fácil deixar tudo para trás e começar de novo, sobretudo quando já não se está nos vintes, como é o nosso caso.
Faço votos para que continues na caminhada de sucesso e a chegar sempre mais além, tornando cada sonho teu numa realidade. Com esforço, aqui tudo é possível.
Beijinhos,
S.
Tchin Tchin!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Obrigada a todos :)
Eugeni e' bem verdade as pessoas pensam que isto e' vir e sem grande esforco tudo se conquista... nao e' bem assim.E' preciso trabalhar e nao e' facil, por todos os motivos nao e facil!
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